Olá,

“As paredes do quarto de Michael eram cheias de centenas de livros sobre diferentes assuntos, mas especialmente filosofia e biografia. Ele provavelmente leu sobre todos os grandes artistas, empresários e inventores que já existiram, e depois fazia perguntas.

Quando ele terminava de ler uma biografia por exemplo, de Henry Ford, ele dizia:

“Por que ele fez aquele carro? O que o fez pensar nisso?”

Acima de tudo, meu irmão era bastante curioso sobre histórias de sucesso.

As pessoas costumam se referir a Michael como infantil. Discordo totalmente. Ele estava, no entanto sempre em contato com a criança que habitava dentro dele.

Apenas olhar para uma árvore ele conversava entre nós sobre como essa árvore é uma prova visível da existência de Deus, a maneira como ela cresce e muda, fornece alimento e abrigo, e assim por diante.

Outro dos assuntos favoritos do meu irmão era a anatomia humana.

Você se lembra da aula de biologia daqueles modelos de plástico do torso com órgãos quebráveis? Bem, Michael mantinha um em seu quarto, estudando-o o tempo todo.

“Temos cordas vocais, mas por que podemos conversar e um cachorro não?” Ele se perguntaria em voz alta.

“O que torna os humanos diferentes?. La Toya, você acha que há alguma maneira de um macaco s falar?”

‘‘Não sei. Qualquer coisa é possível.”

“Bem, eu vou descobrir.”

Ele pediu a um médico que lhe encomendasse uma biblioteca médica completa. “Mas Michael”, respondeu o homem, surpreso, “estes são livros profissionais, destinados apenas aos médicos.”

Eu estava com pressa de sair de casa uma tarde, quando Michael acenou para mim.

“La Toya, venha aqui!’’ Eu tenho algo para mostrar a você!’’

Eu disse que não podia, que estava atrasada para um compromisso, mas ele insistiu.

“Por favor, venha para o meu quarto. Eu tenho que te mostrar isso. Você realmente vai gostar.”

Ele me levou para o banheiro e fechou a porta atrás de nós. Sobre uma mesa, em uma jarra de vidro gigante, estava um CÉREBRO!

‘‘Veja!’’

“Oh meu Deus, Mike, onde você conseguiu isso?”

“Shhhh!” Ele espiou pela porta para se certificar de que ninguém nos ouviu.

Devo admitir que fiquei curiosa — nunca tinha visto um cérebro antes — e olhei para a massa cinzenta em conserva flutuando no formol.

“É um cérebro humano?”

Michael não disse, mas de alguma forma eu sabia que era.

‘‘Onde você conseguiu isso?”

‘‘Um médico me deu’’

Estou disposto a apostar que agora muitos de vocês estão levando a mão à boca, pensando… que nojento! Mas para Michael, o cérebro e o corpo eram simplesmente criações milagrosas e nada repulsivas.

Após a recuperação de seu couro cabeludo gravemente queimado, ele ficou fascinado sobre como o corpo se cura e recebeu permissão de alguns médicos para vestir bata e máscara cirúrgica e observar várias operações.

Durante a leitura de seus livros de medicina, Michael desenvolveu uma fascinação por aberrações da natureza. Ele podia falar por horas sobre a vida de gêmeos siameses, o famoso Homem-Elefante e entre outras.

Por causa de seu interesse por essas pobres criaturas, a imprensa retratou Michael como uma espécie esquisita. Mas como acontece com tantas facetas da personalidade do meu irmão, tudo o que posso dizer é, se você o conhecesse como eu, você veria que não há nada de esquisito nele.

Uma alma extremamente sensível, Michael se emocionava com qualquer forma de sofrimento humano. A visão de uma criança africana faminta na TV o leva às lágrimas.

Ele foi dominado pela simpatia por aberrações como o Homem Elefante, não importa quantas vezes ele assistisse ao filme de David Lynch sobre John Merrick, ele sempre chorava.

“Imagine como era a vida para eles”, dizia com tristeza.

Por que Michael simpatizou com eles é bastante óbvio, considerando como a celebridade o transforma em uma aberração (aos olhos das outras pessoas, é claro). Eu fico brava quando a curiosidade de Michael neste campo é ridicularizada.

O público realmente não sabe — que ser humano maravilhoso e generoso ele era.’’

— Trecho do livro Starting Over por LaToya Jackson.

Lyllyan

Fonte: MJBeats