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Primeiro brasileiro a conquistar o Mundial de Fórmula 1, 500 Milhas de Indianapolis e o título da Indy, Emerson Fittipaldi não só abriu as portas para a popularidade do automobilismo no país como também fora das pistas.

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Desde a década de 70, Fittipaldi expandiu seu círculo social para além do cockpit, transformando seu nome e sua carreira em uma marca internacional, conhecida não só na Europa, onde brilhou na Fórmula 1, como também nos Estados Unidos, onde marcou época na Indy, e até no México.

O brasileiro tem um autódromo que leva o seu nome na cidade de Yucatán, no México, além de ter o dia 20 de junho em Miami Beach, onde residiu durante sua carreira nos EUA, ter o “Fittipaldi’s Day” e também ter uma rua com seu nome na cidade da Flórida.

Um dos grandes amigos de Emerson Fittipaldi fora das pistas foi o ex-guitarrista dos Beatles, George Harrison, falecido em 2001. Em entrevista ao ESPN.com.br, o ex-piloto brasileiro falou sobre sua amizade com Harrison e outras personalidades que conheceu ao longo da carreira.

“Ele (George Harrison) veio aqui duas vezes e ficou na minha casa em São Paulo e no Guarujá. Ele tomava umas caipirinhas, era super sossegado” Emerson Fittipaldi

Veja a segunda parte da entrevista com Emerson Fittipaldi:

ESPN – Como começou sua amizade com o George Harrison?

Fittipaldi – Eu o conheci através do esporte, em 72, porque ele era muito fã de automobilismo. O pai do George era motorista público de ônibus. Então no domingo ele colocava a família escondida no ônibus e ia assistir um Grande Prêmio. Antes dele ser dos Beatles ele adorava corrida de automóvel. Ele assistiu na época o Fangio correr de Mercedes, o Stirling Moss, pilotos importantes da época. Teve uns três anos de Formula 1 em Liverpool.

ESPN – Como era o Harrison na intimidade?

Fittipaldi – Ele era um cara muito simples. Eu estava em Brands Hatch e ele veio nos boxes e falou ‘Émerson, prazer. Que legal, você é brasileiro’. E a gente começou a conversar. Ele adorava automóvel. Era a paixão dele. Quando eu estava na Indy, eu ligava pra ele na Inglaterra para saber quem ia guiar em qual equipe no ano seguinte. Ele sabia muito mais do que eu porque era amigo de todas as equipes. Ele era amigo do Frank Williams, do Ron Dennis. Se eu perguntasse quem ia guiar pela McLaren no ano seguinte, ele sabia antes que eu (risos).

ESPN – Você curtia os Beatles?

Fittipaldi – Eu já era fã dos Beatles. Eles foram revolucionários, não só na música, mas também nos costumes, roupas, foi muito bacana. Eu lembro bem.

ESPN – Em 1979, ele foi o primeiro beatle a visitar o Brasil para ver o GP de F-1 de Interlagos. Quais as lembranças daquela época?

Fittipaldi – Ele veio aqui duas vezes e ficou na minha casa em São Paulo e no Guarujá. Ele tomava umas caipirinhas, era super sossegado. O George gostava muito do mundo tropical, ele tinha uma casa no Havaí, que fui uma vez, e tinha uma na Austrália. Ele adorou o Brasil e queria comprar uma casa aqui. Eu estava organizando para ele uma viagem no Pantanal também. Ele passou tanta coisa na vida dele que a paixão dele era automobilismo.

ESPN – Ele chegou a andar com os carros de corrida?

Fittipaldi – Ele testava alguns carros, mas devagar para sentir o carro. Ele andou de Fórmula 3 e Fórmula 2. Fórmula 1 eu acho que ele andou também.

ESPN – O Harrison te fez uma homenagem muito legal no SBT…

Fittipaldi – Foi uma surpresa. Eu não sabia, eu estava me recuperando (de um acidente em 1996 na Indy) e ele sabia que eu estava no hospital. E ele fez aquela versão “Here comes Emerson” no lugar de “Here Comes The Sun”.

ESPN – Como foi seu último contato com o George Harisson?

Fittipaldi – Quando eu fui me despedir dele, eu levei um pastor amigo meu para ele aceitar Cristo e ele aceitou dois meses antes dele morrer. Ele me mostrou um monte de música que ele tinha numa guitarra havaiana. Foi a última lembrança que eu tive dele.

ESPN – Você conviveu com muitas celebridades?

Fittipaldi – Sempre aparecia celebridades de música, atores e caras de outros esportes que gostavam de ver automobilismo. Um dos irmãos mais velhos do Michael Jackson que cantava com ele no Jackson Five também adorava a Indy. Ia sempre.

ESPN – Você conheceu o Michael Jackson?

Fittipaldi – Uma vez estava no aniversário do Michael Jackson, em Neverland (mansão do Rei do Pop), aí o Mike Tyson veio conversar comigo. Eu estava com a minha mulher. E ele me falou: ‘Émerson, o Brasil teve um dos maiores boxeadores da história do mundo. Eu vi todas as lutas dele, tenho em tape, ele era fantástico: Éder Jofre’. Quando eu cheguei no Brasil eu liguei para o Éder Jofre e falei que o Tyson era muito fã dele e que havia estudado muito ele para aprender a se movimentar.

ESPN – O Tyson também gostava de automobilismo?

Fittipaldi – Sim. Ele me contou neste dia em Neverland que na época que estava preso em Indianapolis conseguia nos escutar treinando lá da prisão. Porque era perto do autódromo.

ESPN – O ator Paul Newman correu várias provas e foi dono de equipe Newman/Haas na Indy. Ele era bom piloto?

Fittipaldi – Paul Newman era muito rápido de GT, andava muito bem. Ganhou muitas corridas e campeonato de GT [Newman venceu aos 70 anos a competição]. Eu estava em Daytona quando ele correu aos 80 anos e guiou nas 24 horas. Deve ser um dos caras mais velhos que largaram. Ele estava muito feliz por lá.

ESPN – Você já foi garoto-propaganda de várias marcas. Hoje, está lançando uma linha nova de produtos com seu nome?

Fittipaldi – Sim. É um momento muito feliz na minha vida, estamos relançando uma série de produtos para carros no Brasil e nos EUA. Eu estou lançando um carro GT que é o sonho da minha vida. Tem muita coisa acontecendo em um momento muito especial para mim e a minha família.

Sempre conhecemos novos fatos da vida de Michael Jackson.

Lyllyan

Fonte: ESPN