Olá,

Pronto! Eis um exemplo de uma coletânea bastante oportuna e muito recomendável. Na verdade, trata-se de “meia coletânea”, já que o CD 2 contém apenas material então inédito. Projeto ousado, arrojado e até arriscado, HIStory consegue melhorar o que já soava perfeito, nos brindando com uma coleção de dar água na boca, com tudo de mais relevante da carreira pós Jackson Five do moleque, com 15 hits no CD 1.

michael jackson

Enquanto produzia seu novo disco (iniciado em 1994 e concluído em 1995), Michael Jackson vinha se embaralhando numa teia de escândalos e confusões já bem conhecida, portanto a Sony não vacilou para investir uma cifra astronômica na recuperação do prestígio de seu maior astro, “Rei do Pop”. Em princípio, a coletânea seria lançada antes do novo CD, mas o próprio MJ decidiu juntar tudo numa mesma e luxuosa embalagem, contendo depoimentos (Liz Taylor, Diana Ross e Jackie Kennedy), letras, fotos e créditos, que resultaram neste CD duplo, nominados como Begins (com os sucessos) eContinues (com o novo material). Resultado excelente!

Pode parecer óbvio falar de Thriller, Black or white, Billy Jean, Bad e da maravilhosa balada She’s Out of my live, mas é inegável e até surpreendente constatar a contemporaneidade destas e de outras pérolas contidas no primeiro disco. Tenho pra mim que se álbuns como este, que esbanjam talento, fossem ouvidos e devidamente aprendidos, a música negra americana não estaria tão ruim como nunca!

A exuberante qualidade da coletânea não ofuscou o novo material do CD 2. Na verdade, até ressaltou as virtudes das novas gravações e regravações do MJ. Por falar em covers, as versões de Come Together(Beatles) e Smile (Chaplin-Turner-Passons) são contagiantes, relevantes e definitivas. Por sua vez, Stranger in Moscow, They Don’t Care About Us e Money, no mínimo servem para nos lembrar o quanto o rapaz era brilhante. Parece contraditório exibir uma capa com sua estátua de bronze (um deus?) enquanto as letras parecem implorar por algo do tipo “eu sou meio excêntrico, mas sou humano”.

Exemplos? Tabloid Junkie (“só porque você lê nas revistas ou noticiários/não torna isso um fato real”), D.S. discorre sobre um racista da Klu Klux Klan chamado Dom Sheldon (na ocasião, o promotor de justiça que o perseguia chamava-se Tom Sneddon). E na belíssima You are not alone, Michael parece cantar para si mesmo (“você não está só/eu estou aqui/com você”). Todavia, para não dizer que não houve polêmica, em They Don’t Care About Us (com as percussões do Olodum) ele canta a palavra “jew” de forma coloquial, significando “trapaça”, mas, entenderam literalmente como sendo “judeu”, portanto, algo anti-semita. Empanturrado de “broncas”, MJ retirou o termo da música.

Sem mais delongas, não entendo a implicância da imprensa com as “coletâneas”, embora reconheça que a maioria é feita com um enorme olho grande na grana, mas trabalhos caprichados como HIStory, tanto servem como apresentação para não iniciados, como para mais ainda reafirmar o currículo de artistas entre fissurados como eu… E você!

Michael Jackson é gênio!

Lyllyan

Fonte: Por João Carlos Mendonça – Cinegrafado