Olá,

Pai trabalhador e filho estudante dentro do carro, a caminho da escola.
Filho: – Pai, já que roubaram o som do carro, vamos conversar um pouco?
Pai: – Claro, filho.
Filho: – Pai, o que é inclusão social?
Pai: – Bom filho, é que muitas pessoas têm muito e outras nada têm.
A inclusão consiste em dar direitos iguais a todos.
Filho: – Ah tá… os integrantes do MST são um exemplo de excluídos, né?
Pai: – Isso, filho.
Filho: – Pai, o que eu devo ser quando crescer?
Pai: – Bom, primeiro escolha uma profissão que você goste. Depois, estude muito, mas muito mesmo, e depois trabalhe muito mais, dia e noite, só assim você será alguém na vida.
(Atrasados para a escola, o pai pára sobre a faixa de pedestres e é multado, além de ser maltratado pelo policial).

Filho: – Pai, o que houve?
Pai: – Fomos multados, filho.
Filho: – Mas por que?
Pai: – Porque estávamos bloqueando a passagem, filho.
(Um pouco adiante o trânsito pára. A marcha do MST está passando).
Filho: – Pai, por que eles estão bloqueando nosso caminho?
Pai: – É a marca do MST, filho.
Filho: – Ah tá… e aqueles policiais estão multando eles, né?
Pai: – Não filho, estão escoltando eles.
Filho: – Ué, mas nós estávamos bloqueando a passagem e fomos multados e maltratados… eles estão bloqueando tudo e são escoltados?
Pai: (silêncio).
Filho: – E o que é aquilo ali?
Pai: – É o refeitório deles.
Filho: – Ah sei, lá eles gastam aqueles vales-refeição igual ao seu, que ganha da empresa na qual trabalha.
Pai: – Não, filho, o governo paga a alimentação pra eles.
Filho: – Ué, e por que não paga pra você também?
Pai: (silêncio).
Filho: – E aquela ambulância lá? Ah, já sei… é por causa do plano de saúde que eles pagam, né? Como você paga pra poder ter assistência médica, né?
Pai: – Não filho, eles não pagam plano de saúde.
Filho: – Ué, não entendi.
Pai: – É o governo que está pagando essas ambulâncias que você está vendo.
Filho: – E por que você paga plano de saúde então?
Pai: (silêncio).
Filho: – Por que a maioria deles está com rádio?
Pai: – Porque o governo doou 10.000 radinhos pra eles se comunicarem.
Filho: – Pô, a gente sem som no carro, e você fala que precisa trabalhar pra comprar outro! Vamos pedir pro governo, então.
Pai: – Eles não nos dariam, filho.
Filho: – Ah, já sei. Você reclama que paga 40% de tudo que ganha pro governo, mas, com certeza, eles pagam muito mais, né? Eles têm todas essas regalias!
Pai: – Não, filho, eles não pagam nada.
Filho: – Como assim?…
Pai: (pensativo, em silêncio).
Filho: – Pai quero parar pra falar com eles.
Pai: – Não adianta filho, eles só falam através de assessor de imprensa.
Filho: – Que legal!… vamos contratar um assessor de imprensa pra nós, pai?
Pai: – Filho, isso é muito caro… eu precisaria trabalhar o triplo do que trabalho, pra poder pagar um assessor de imprensa.
Filho: – Mas eles nem trabalham e têm?
Pai: – Mas, é o governo que paga, filho.
Filho: – Pai, não foram eles que invadiram um prédio público e fizeram a maior bagunça?
Pai: – Foram sim, filho.
Filho: – E o que aconteceu com eles?
Pai: – Nada, filho.
Filho: – E por que eu fiquei de castigo e levei uma baita bronca porque quebrei a lâmpada do poste jogando bola?
Pai: – Porque você tem que cuidar e respeitar o patrimônio público, filho.
Filho: – E eles não precisam???
Pai: (silêncio).
Filho: – Pai, vamos com eles?
Pai: – Claro que não, filho… você precisa estudar e eu preciso trabalhar.
Filho: – O QUE??? PODE PARAR… EU VOU COM ELES! APRENDI QUE OS EXCLUÍDOS SOMOS NÓS! QUERO MINHA INCLUSÃO JÁ! (desce do carro e se junta à passeata).
Pai: (silêncio).

Faça um exercício de reflexão e imagine-se tendo que explicar essas coisas para seu filho… Você não se sente enganado, roubado e humilhado por estes políticos corruptos que nos governam? Você já parou para pensar que nós trabalhamos cerca de 4 meses por ano só pra pagar impostos?!?

O Grito (Vitor Assis Brasil)