Olá,

Leiam, pois adorei divulgar esta notícia aqui.

Uma nova batalha, sem armas, está em curso nas favelas do Rio de Janeiro. Menores de idade, meninos na maioria das vezes, disputam para saber quem é o dançarino mais criativo da cidade. Com câmeras digitais, celulares e webcams, filmam suas performances, sempre tentando passos novos e cada vez mais difíceis de executar. “Pode copiar agora!”, costumam dizer na descrição dos vídeos. Outros participam das filmagens em grupo, levando para a internet o desafio feito na esquina de casa. O melhor ganha apenas o reconhecimento dos demais, e a maior quantidade de acesso e de aprovação no YouTube. O ‘passinho do menor’, ou ‘passinho da favela’, virou moda e começa a conquistar relevância cultural na cidade.

Confira alguns dos melhores dançarinos no vídeo abaixo:

A trilha sonora dos vídeos é o funk, outro fruto da criatividade das favelas. Nos anos 1980, um grupo de DJs se apropriou do hip hop dos Estados Unidos – principalmente artistas como Afrika Bambaataa e o ritmo e a sensualidade do movimento Miami Bass, da Flórida – para criar as primeiras montagens do que seria conhecido como funk carioca. Seguindo o mesmo caminho, quase 30 anos depois, crianças de favela se apropriaram dos movimentos de ritmos distintos como break, samba, frevo e kuduro angolano – com alguns passos de Michael Jackson, claro – para criar o ‘passinho’. “O hip-hop foi um movimento de três elementos: rap era a música, break era a dança e grafite era a arte visual. Com o ‘passinho’, o funk já tem seu break, afirma Silvio Essinger, jornalista e autor do livro Batidão – Uma história do funk.

Essinger será um dos jurados do primeiro concurso oficial do estilo, a Batalha do Passinho. A ideia foi do músico Rafael Nike e do jornalista e escritor Júlio Ludemir, autor de livros como No coração do comando e Sorria, você está na Rocinha. “Nossa ideia é levar o ‘passinho’ a um público intelectualizado, transformar em um produto cultural”, afirma Ludemir.

As eliminatórias serão em três favelas na Zona Norte: Borel (16 de setembro), Andaraí (17 de setembro) e Salgueiro(18 de setembro). As três foram recentemente ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, mas já foram símbolo do domínio do tráfico de drogas. “Embora a polícia tenha levado paz, ainda não levou uma alternativa de lazer a essas comunidades. A palavra ‘funk’ ficou proibida nos morros pacificados, e só alguns bailes continuam funcionando nas favelas com UPP”, afirma Ludemir. A final será na unidade cultural do Sesc Tijuca, um palco da classe média carioca, no dia 25 de setembro. “A classe média se apropria, mas o menino se apropria também do ambiente, volta para a favela diferente”, diz.

É óbvio que o funk carioca sempre foi associado à dança. Qualquer baile funk do Rio tem multidões de dançarinos informais, alguns fazendo coreografias em conjunto e uma grande maioria de meninas que explora a vertente sensual do estilo. Desde que o funk começou a ter letras em português, e não apenas samplers, no início dos anos 1990, muitos foram os sucessos como Dança da Bundinha, Dança da Cabeça, Dança do Canguru, todas criadas para serem copiadas nos bailes e, com o sucesso do funk nas rádios e na TV, também nos prédios da classe média.

Desta vez é diferente. O ‘passinho’ não está relacionado a uma música de sucesso, e não é para ser copiado, e, sim, superado. Se a classe média quiser participar, terá que entrar na dança. É uma disputa de talentos, e o YouTube é o palco principal.

Puxa!!! Que ideia bacana esta do “passinho”, isto poderá ajudar todas as crianças da favela a não irem para o caminho do mal e se tornarem futuros dançarinos profissionais ou até mesmo artistas, sem aquela apelação que vemos hoje no  funk atual.

E estes meninos dançam muito… Toda sorte do mundo para eles!!!

Lyllyan

Fonte: Revista Época