Olá,

Passe algumas horas dublando uma cena de “Guerra nas Estrelas”, só por diversão. Jogue o resultado na internet, e você pode acabar recebendo propostas astronômicas. Pergunte a Dominik Kuhn.

O publicitário gastou “duas horas, no máximo” para colocar um novo diálogo numa sequência de “Guerra nas Estrelas”, que ele publicou no YouTube. O vídeo tirava sarro dos executivos de marketing, que não se importaram com isso e passaram a assediá-lo com ofertas de trabalho.

Na cena original, de 1977, Darth Vader e os comandantes da Estrela da Morte discutem a ameaça da aliança rebelde de Luke Skywalker. Na nova versão, eles viram executivos de Stuttgart, discutindo uma nova estratégia de marketing.

“Virales Marketing im Todesstern Stuttgart” (“Marketing Viral na Estrela da Morte de Stuttgart”; veja a versão, em inglês) dura dois minutos e já foi visto milhões de vezes na internet, e isso virou a vida de Kuhn de ponta-cabeça, disse ele.

“As pessoas sempre diziam que isso que eu fazia paralelamente era uma bobagem. Agora é com essa bobagem que eu ganho a vida”, disse Kuhn, 41, que já trabalhou em publicidade e como tradutor de livros de ficção científica.

 Reprodução 
 
Na cena que foi parodiada, Darth Vader e os comandantes da Estrela da Morte discutem aliança rebelde.

Kuhn descreve “marketing viral” como “o boca a boca da era da internet” — o que, aliás, ajuda a explicar grande parte do sucesso do vídeo.

Nas últimas semanas, Kuhn já ouviu sua fala na boca de crianças em Stuttgart, e políticos da cidade acusaram o governo municipal de usar “o lado negro da força” numa polêmica atual sobre a estação ferroviária local.

Agora, tal como uma Cinderela da internet, Kuhn ganhou até um programa de TV. Mas concluiu que precisa –e pode– tirar um ano de folga.

“Passei muito tempo fazendo palestras em universidades sobre o marketing viral”, disse ele. “Recebi ofertas de empregos como diretor por causa do filme. O que é um absurdo, eu só dublei, não dirigi.”

Na versão de Kuhn, o vilão Vader e o comandante Grand Moff Tarkin discutem no dialeto suábio, que segundo Kuhn costumava ser associado a “caipiras” alemães.

O pastiche fez alguns amigos de Kuhn acharem que ele teria problemas judiciais, pois a Daimler AG, fabricante dos veículos Mercedes com sede em Stuttgart, poderia se sentir alvo da paródia.

Não foi nada disso. “A Daimler me ligou e disse: ‘Muito bom, sr. Kuhn, também estamos rindo'”, disse o autor. “Dois ou três dias depois de entrar na internet, o vídeo estava no servidor de intranet da empresa. Foi assim de rápido.”

A Daimler então pediu alguns trabalhos a Kuhn –que, por contrato, não pode revelar detalhes. “Só posso dizer que eles mostraram que têm senso de humor.”

Agências de publicidade também lhe convocaram para falar do clipe, que parodia as redundâncias e o jargão em falso inglês dos publicitários.

“Quando a reunião começou, eles falavam como no filme”, contou. “Isso não pode ser real, pensei.”

Lyllyan

Fonte: Folha On-line